domingo, 26 de setembro de 2010

37 dias - Home, sweet home


Recebi alta hoje. Podia acabar meu post por aqui que eu já estaria completamente feliz. Mas, contudo, entretanto, a alta só me foi concedida com trilhões de “regrinhas” a serem seguidas. Banheiro: mesma coisa do hospital, não posso usar 1h após as refeições. Refeições: Minha mãe ou pai me serve e eu tenho que estar sempre acompanhada. Internet: 1hora a tarde, no trabalho (que aliás, vou trabalhar junto com a minha mãe) e meia hora a noite, na sala, só pra ver e-mails. Quarto: Só pra dormir. E a dieta é a mesma que eu recevia no hospital, com poucas adaptações, por enquanto, até a nutricionista vir aqui em casa conversar comigo. Engraçado que a primeira coisa que fiz quando recebi alta foi passar no mercado com meus pais e comprar leite desnatado, queijo quark e pão light, todos proibidos na minha dieta. Com isso já cortei as calorias dos lanches pela metade. E agora, 10h30 estou no computador, no meu quarto... é, nem tudo sai como planjeado né. J A meta agora é engordar na verdade. Se eu emagrecer vão querer me dar mais comida, mais calorias. Queria poder sair com meus amigos, mas não tá “na hora” ainda... De qualquer forma, porra, como é bom estar em casa, dormir na minha cama e comer uma torrada no lanche (odeio bolo, só me davam bolo no hospital). Por enquanto vou relaxar e fazer como mandam, breve voltarei!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

36 dias - Tédio imperial, um oi da velha amiga depressão

Não to num clima pra escrever hoje, mas tá passando um filme sobre crianças espiãs na tv e, bom, eu não tenho nada pra fazer, preciso me ocupar. Hoje foi a pesagem, engordei meio quilo (a balança acusou 1 porque tomei 1 litro de água antes da pesagem) e to com 52,6 agora. Mesmo assim, to me sentindo mais magra, estranho, bizarro, enfim. Resolvi me render, não ao tratamento, mas pra ir embora daqui. Hoje comi todo o café da manhã, todo o almoço e todo o lanche, sem esconder nadinha de comida. Minha meta é engordar mais meio quilo até terça que é a próxima pesagem pra ver se me mandam embora daqui de uma vez. Não sei mais o que pensar, ando muito triste, desiludida, com vontade de foder mais a minha vida.. acho que a depressão tá voltando, e quando eu tento mostrar isso pros médicos ninguém acredita em mim, é sempre “parte do tratamento” ou “desculpa pra ir embora”. De qualquer jeito hoje tem reunião, as 18h, entre os profissionais e meus pais. Sei que meus pais vão meter a maior pressão do mundo em cima deles pra ver porque ainda não saí daqui quando claramente esse tratamento tá me fazendo mais mal do que bem agora. É isso, vou dormir porque não há nada pra fazer. Amanhã tinha uma reunião com a agência e não vou poder ir, que ótimo, mais um motivo pra me deprimir. Fica uma pergunta aí, se alguém puder me responder: pseudoefedrina tem o mesmo efeito da efedrina??

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Who's in control now?

Não sei direito o que to sentindo. Por um lado, quero desesperadamente o remédio exatamente para não me sentir mais desesperada, pra não ter oscilações tão fortes de humor e tal. Por outro, não quero o remédio porque ele me deixa.. qual a palavra mesmo? Robotizada. Incrível o poder que um comprimido a mais tem em não me fazer sentir nada mais.E quando não sinto nada, tenho vontade de morrer, porque a vida perde todo o sentido.
Minha mãe acabou de me ligar pra contar que marcou reunião com a “equipe”. Sinto na voz dela que ela simplesmente não aguenta mais. Ninguem aguenta mais. Tento convencer minha mãe de assinar os papéis de responsável total por mim pra gente se mandar daqui. Não adianta, ela vai a fundo pesquisar com diversos profissionais se eu devo ou não sair, se essa é a hora. Sinceramente, tenho esperança nisso. Acho que é a hora, acho que chegou um limite insuportável em que chorar todos os dias pensando como a morte seria a melhor saída virou um hábito. Tenho medo de um dia colocar a prova, sei direitinho onde ir e pular, apesar de preferir uma coisa mais dramática como me entupir de remédios. Não gosto do frio na barriga de quando a gente cai, mas por vezes me parece a única opção.
Amanhã tem pesagem de novo, e não sei o que esperar. Continuo escondendo comida, com menos intensidade, admito que tenho comido mais. Acho que mantive, e se mantive tenho que tomar 1 L de água (que me espera embaixo da pia do banheiro) antes de me pesar.
Ainda preciso de drogas, ontem eu saí pra comprar aquele medicamento que custa uns 7 e pouco, mas tenho somente 6 reais. Preciso descobrir alguma coisa que de barato (melhor ainda se emagrecer) que não precise de prescrição e que custe menos do que 6 reais. Como não achei ontem, triturei meu antidepressivo e fiz uma carreirinha, depois fiz o mesmo com uma dipirona. Hoje cheirei acetona (aliás, só me deu dor de cabeça). Triste, muito triste tudo isso, mas é a única forma de sair um pouco dessa realidade que me circunda. Odeio essa realidade, por isso penso em sair definitivamente dela (ô, ô, lá vamos nós de novo)... Chega de tanta besteira, só queria sair daqui e ir pra uma festa encher a cara, é tão difícil assim?? Porque eu realmente acho que é mais fácil do que me envolver em um mar de sangue. Preciso colocar pra fora tudo isso, preciso vomitar.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Prefiro caber no caixão

Queria conseguir colocar meus pensamentos em ordem. Consequencias, eu sabia que haveria. Realmente não esperava que fossem essas... Minhas saídas de 1 hora à tarde foram reduzidas à 20 minutos, para que eu não me mexa muito. Não vou poder mais sair pra comprar roupas, não posso ir na formatura que eu iria na quinta. Agora fico aqui nesse quarto, sozinha o dia inteiro, pensando bobagem. Todo tipo de bobagem. Ao ponto que eu saí (naqueles 20min) pra comprar um medicamento que ajuda a queimar gordura porque da um up no organismo (e com up quero deixar claro que ao aumentar o metabolismo ele dá muita tremedeira e acelera mesmo). Não tinha na farmácia, e mesmo que tivesse não sei se eu ia conseguir pechinchar pelos míseros 6 reais que tenho aqui, escondidos. A psicóloga veio aqui e só falou merda, como sempre. Com todo respeito aos psicólogos mas eu nunca vi uma criatura falar tanta merda ao ponto de me fazer odiar tal profissão. Nem profissão eu considero mais. Psiquiatra tudo bem, ainda me receita uns remédios pra ver se minha cabeça para de ter tantos curtos-circuitos. Mas aquele papo de psicólogo com folhinha pra anotar os pensamentos e emoções e sentimentos e o caralho a quatro. Que nojo. Quero álcool ainda, e fico aqui me deliciando no futuro em que poderei beber, sair, me drogar e transar a la vonte. Claro que não almejo só isso. Quero sair daqui pra juntar uma grana e me mudar pra outro estado (e quem sabe outro país) onde eu possa definhar em ossos em paz. Definhar. Algo muito sinistro me faz gostar dessa palavra. Chega de esconder comida (só o café da manhã porque é um hábito tão mais forte que eu que eu acho que piro se perder o controle sobre ele) e simbora ganhar umas graminhas pra me mandar daqui, me livrar dessa “equipe” e morrer de desnutrição. Afinal, estou bem ciente, a vida é minha e se prefiro morrer e caber no caixão o problema é meu. By the way, prefiro mesmo é ser cremada e não poluir o ambiente com gordura queimada.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sobre essa manhã ventosa - E porque não omitir?

Eu não minto que não tomo líquidos antes das pesagens, só omito o fato. E, ao meu entender, omitir não e tão grave quanto mentir. Então que hoje era dia da pesagem, maldito dia. Aqui eu aprendi a odiar terças e sextas-feiras. Duas pesagens por semana. Na última eu havia emagrecido 700g, e hoje 500g. 1 quilo e 200, quase não me contenho de tanta felicidade. Lembrando que nas duas vezes eu bebi meio litro de água antes das pesagens, então na verdade eu estou com 52,100 e a balança acusou 52,600 hoje. De qualquer maneira, eu extrapolei limites. 100 míseras gramas. Eu deveria me manter em uma faixa de 52,700 a 55,500, quando passo disso é porque ou emagreci, ou engordei. Wathever, to feliz pra caramba, da próxima vez vou beber 1 litro de água e tá tudo resolvido. Quero ver mais tarde as consequencias disso, ditadas pela psiquiatra.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

32 dias - O teste final

E aí que a minha psiquiatra veio perto do meio-dia hoje. Então rolou a consulta, falsidade, tá tudo ótimo, to aceitando meu peso, to super pronta pra ir comprar roupa sem me grilar, enfim, normal. E ela saiu, e chegou minha comida. Comi o que suportei, deixei um pedaço da carne (que aliás, eu nunca deixo), um pouco do arroz, um pouco do feijão (que aliás, eu sempre deixo), e a sobremesa (que era um flan nojento de caramelo – odeio flan). Levantei pra escovar meus dentes e a psiquiatra abre a porta, mandando eu terminar de comer pelo menos o feijão. Affe, eu mereço. Comi, né. Acabei de voltar do shopping, saí pra comprar as roupas, finalmente. Misto de emoções: medo e felicidade. Aliás, essa é a prova final: Medo não precisa nem dizer porque né. No entanto, irei dizer: engordei 5 quilos, to uma baleia, uma porca e tenho que experimentar roupas e não posso ter crise nenhuma, pra não ficar forever aqui. Felicidade porque porra, eu sou mulher e adoro fazer compras, oras. No fim foi tudo.. igual. É feriado aqui, tinha pouquíssimas lojas abertas (como no domingo elas abrem, achei que abririam hoje) e vou deixar o dia de compras pra amanhã ou algum outro dia na semana. 
To com medo de pirar tudo de novo, a vontade de me entorpecer continua e por vezes parece ser mais forte que eu. Tenho 5 reais roubados aqui que fico guardando pra algum momento que eu realmente precise, mas to pensando seriamente que esse momento chegou: vou gastar num boteco em 2 doses de vodka. Foda-se, preciso de álcool, drogas, alguma coisa queimando minhas veias, meu senhor!

Vou deixar um apelo aqui pra por favor responderem a pergunta que eu vou fazer, porque eu sei que tem gente que lê meu blog, mesmo sem comentar nada. Uhahuaa Alguém tem uma dica de como fazer pra ter uma crise de asma? Porque eu tenho asma, mas faz tempo que não tenho crise, precisava de uma... Mesmo que você não saiba, seja gentil e responda. Pleaaase! :D

domingo, 19 de setembro de 2010

31 dias - Happy Birthday


Acordei e fui fazer meu ritual do café-da-manhã. Brincar de esconde-esconde com a comida. Escondi o pão, o queijo e o peito de peru. Hoje veio duas bolachinhas cream craker e resolvi que ia comer, além do café com leite e fruta. Insano. Não consegui controlar, peguei de volta o pão e os frios e comi. Acho que se tivesse mais comida eu teria comido... Lá vem a compulsão querendo voltar. Depois a culpa. Esperei uma hora e fui tomar meu banho. Lutei, lutei muito pra não vomitar. Sempre precisei colocar os dedos na garganta porque não é um hábito meu vomitar. Mas não dessa vez, era só abaixar a cabeça no box que eu sabia que tudo sairia na mesma intensidade em que entrou. Lutei mais um pouco. Consegui. O desejo de vomitar ainda permaneceu, mas não posso vomitar pra não acusar na merda do exame de sangue. Se eu vomitar, nunca mais saio daqui. Fui fumar um cigarro, ultimamente ando com uma vontade tão self-destructive, de me entupir de álcool e entrar em coma alcoólico. Acho que é abstinência, de tudo. Se tivesse acesso à cocaína já teria dado um teco. Fico aqui me motivando a sair desse inferno pra poder me enfiar em outro, pelo menos num mais gostoso. Quero chegar em casa e beber tudo que encontrar pela frente em alguma tarde que eu fique sozinha. Não poso negar que isso me dá mais forças pra mentir. Vodka queimando a garganta, é disso que preciso no momento. Só de lembrar da sensação de embriaguez já me dá frio na barriga, é tão bom se entorpecer! Que se foda as calorias do álcool, depois compenso com falta de comida e exercícios. Durante o banho também fiquei imaginando que delícia seria ter efedrina circulando pelo corpo, resolvi também que ao chegar em casa vou comprar o remédio X e retomar alguns velhos hábitos – velhos hábitos que já me mandaram pro hospital, mas que se foda. Anfetaminas. Sei como conseguir e vou atrás quando sair daqui. Preciso de alguma coisa, alguém me manda plis? :( Mais tarde, fui fazer o lanche da tarde fora. Tomei um café pingado duplo, sem a espuma (quase um expresso né haha), 1 maçã pequena e 2 pães de queijo, de 70 calorias cada. Apesar de ser umas 200 calorias pra um mísero lanche, fico feliz que não tenha tido que comer bolo (vem bolo e batida de frutas + uma fruta quase todo dia a tarde), que dava um total de umas 400 calorias por lanche no hospital. Andei pelo shopping, vi umas roupas e já fico pensando o que vou comprar na saída de amanhã! To super empolgada em comprar roupa, finalmente um vício que vou poder suprir! A vontade de fazer algo ilegal e proibido tá me consumindo, vai ser difícil resistir. Quem sabe vomitar a janta, que vem daqui a pouco? Mas e o exame? Aiai... Opa, quase esqueço de dizer que estou fazendo aniversário aqui. 1 mês. Parabéns pra mim. ¬¬

sábado, 18 de setembro de 2010

30 dias - Um passo de cada vez


Hoje foi mais um dia de tranqüilidade por aqui. Estou me surpreendendo da calma e paciência que posso ter quando quero. Controle sempre foi uma das qualidades que mais prezei em seres humanos e ironicamente uma das coisas que mais tenho dificuldade em ter (ou não, talvez eu não saiba canalizar direito só). Porém estou firme e forte, com todo o controle do mundo. Hoje teve reunião sem mim e depois da reunião a "equipe" veio me contar que conquistei um almoço fora com meus pais, e se tudo desse certo no almoço eu poderia sair amanhã a tarde pra tomar um capuccino (que vou trocar por um café pingado já que não posso tomar café preto) e - a melhor de todas - segunda, se as lojas do shopping estiverem abertas - poderei comprar roupas novas! Pode não parecer grande coisa, mas a compra de roupas foi vetada pra mim para que eu não ficasse me olhando no espelho, para que eu pudesse me acostumar primeiro com meu novo peso, para que eu não tivesse uma crise e borrasse a roupa da loja de maquiagem (ou vomitasse na roupa? hahah). Então, escolhi o restaurante da minha preferencia, um que tinha rodízio de carnes e um buffet enorme de sobremesas (pra mostrar o quanto posso me controlar e não extrapolar nem me assustar e não querer comer nada) e o almoço foi bom, comi "direitinho", o que equivale a (não se assustem) 1 prato de sobremesa de salada, 1 colher (grande e cheia) de servir de purê de aipim, 1/2 colher de servir de molho de camarão, 10 corações de galinha, 3/4 de beterraba e 1 potinho raso de torta de bolacha. O feijão eu recusei, aqui me faziam comer feijão no almoço e janta, agora só no almoço, mas todos os dias. Confesso que após o almoço levantei pra ir ao banheiro vomitar, mas minha mãe veio atrás e me mandou fazer xixi de porta aberta, é óbvio. Humilhante, muito humilhante. Ao chegar no hospital, mal consegui entrar no quarto e a técnica de enfermagem já estava com a minha bandeja de lanche me esperando. Almocei um pouco mais tarde do que de costume e a comida nem tinha descido direito e eu ja tinha que comer novamente. Porra! Como custou a descer aquele mísero pão e café com leite. Resolvi "tomar um  banho" mas tive que esperar uma hora e tomar banho de porta aberta. Não me abalei, o lanche da tarde equivale a comida jogada fora da manhã. Acho que nunca comentei que todo dia de manhã escondo comida né? Tomo café na cama, e é tão simples com todos esses lençóis e cobertores que seria estupidez não aproveitar a oportunidade. Não me condenem, tentei por 4 dias comer absolutamente tudo que vinha, sem deixar uma migalha pra trás e engordei 1,1 kg. Se eu não esconder comida vou sair rolando daqui. To cheia de planos pra quando sair daqui ganhar uma grana e me mandar, pretendo levar tudo muito a sério, um dia conto com mais calma.. Enquanto isso, na sala de justiça, o jogo continua.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

29 dias - O recomeço e a manipulação

Poderia começar esse post contando que andei pensando e refletindo sobre o que anda acontecendo e que resolvi de uma vez por todas seguir tratamento, aproveitar que tenho a chance de me tratar e recomeçar do zero. (in)Felizmente esse recomeço não é meu, é deles. É a hora que eles vão ver o quanto estou melhorando, quanto estou mudando, como o tratamento está adiantando e como minha evolução tem sido rápida. Hora de "ser meiga, dócil e manipular o jogo", segundo palavras da amada Kay. Hoje numa das minhas saídas nas dependências do hospital pra (secretamente) fumar um (dois) cigarro(s), resolvi dar uma volta lá fora e visitar uma amiga que trabalha perto (não que nunca tivesse feito isso, mas hoje foi diferente). Encontrei uma enfermeira, a dois passos do hospital, mas na rua. Ingenuamente pedi que ela não falasse nada, claro que ela prometeu não contar, afinal de contas sou um amor. Obviamente ela contou e a saída que havia me sido concedida pro final da tarde foi negada. De qualquer forma estou feliz, fiz todos ficarem de queixo caído ao simplesmente concordar que era o melhor mesmo, que eu havia errado, extrapolado limites e deveria haver uma punição para que eu pudesse aprender. Sei que levantei uma questão muito duvidosa ao fazer isso, seria possível que a garotinha rebelde cheia de manhas, artifícios, dramatizações e ataques de raiva esteja finalmente se rendendo ao tratamento? Ou seria mais um artifício? Vai ser duro, ninguém disse que seria fácil, mas aos poucos vou provar que estou me rendendo ao tratamento, mesmo que psicologicamente já tenha me amarrado a uma pedra e me jogado no mar. Manipulação é o nome do novo capítulo da minha vida, e não espero que dure um ou dois meses, essa manipulação vai durar anos, anos árduos para me tornar cada vez mais insensível e fria. Levar uma vida dupla não será fácil, mas assim que eu estiver estabilizada na minha casa longe dos meus pais, em outro país, nada poderá impedir a auto-punição e o auto-controle enquanto maltrato meu estômago, rasgo minha garganta e esterelizo com álcool e cigarros. Um viva a liberdade. Dura, cruel, fantasiosa, árdua, distante, mas LIBERTA.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

28 dias - O limite

To na rehab faz 28 dias. Confesso que achei que meu limite era inferior, por vezes achei que era superior, mas constato que de fato estou enlouquecendo. Depressão. Por isso vim pra cá. Claro, os comprimidos, dietas, laxantes, dias sem comer, mas especialmente depressão. Se não estivesse deprimida não existiria psicóloga, psiquiatra, endócrino, gineco e nutricionista e hospital. O banheiro fica chaveado 24 horas para que eu não vomite, sabiam que existe um exame que indica se a pessoa vomita ou não? Maldito exame. Era uma das poucas coisas que eu conseguia fazer e ter controle. As comidas daqui não são ruins, são bem gostosas até, mas a culpa que eu sinto após cada garfada me dá ânsia, uma ânsia que tenho que controlar. Um dia conto melhor a história, quero falar de hoje. A psicóloga. Tão importante na minha vida que quero dedicar esse post à ela. Não importante porque é boa, importante porque é um lixo, porque graças a ela encontrei meu limite, graças a ela quero voltar a foder minha vida, graças a ela fumei hoje (e tava parando), graças a ela vomitei até sair sangue (é, o controle do banheiro não é perfeito). Quis fumar até meu peito doer, minha respiração dificultar e minha garganta machucar. A garganta machucou, por causa do vomito, chá quente e cigarro. Aliás, nem chá (quem dirá café preto) posso tomar. Fiz com água da torneira, a única água quente que encontrei. Ah sim, a psicóloga.. Uma pessoa que fere o que resta de humana em mim, atinge todos os meus pontos fracos e é tão anti-profissional que não consegue fazer esforço pra me ajudar. Cada vez que a porta do quarto bate atrás dela me sinto mais deprimida, mais frustrada e mais intolerante. Não inventaram medicamento contra a maldade que ela causa ainda. Sou capaz de absorver tudo, menos cinismo. Machuca o fato de saber que meus pais, as únicas pessoas que podem me ajudar de verdade, não movem uma palha pra encontrar um profissional novo pra mim, que me ajude de verdade. Pânico. Fobia. Morte. 3 coisas que me atacaram muito forte ontem depois da consulta. Não consigo controlar a angústia e frustração que essa mulher me causa e atraso o dia da alta. Nunca vou sair desse lugar, vou ter que aprender a viver entre quatro paredes, com uma saída de 1h por dia. Saída nas dependências do hospital, não aguento mais as dependências do hospital, quero VIDA. Pela primeira vez desde que a depressão me atingiu eu suplico por VIDA e só recebo MORTE dessa merda de equipe. Só pensam em dinheiro, quanto mais fico aqui mais eles ganham pra viver suas vidas medíocres. Vou seguir mentindo, errando, mentindo, fingindo até meu corpo não aguentar mais e eu morrer nesse inferno que me arrastaram.