sábado, 30 de julho de 2011

I dont have anorexia . blogspot . com

Gente, seguinte, não vou excluir esse blog porque me trás muitas lembranças boas ruins do ano passado. Tipo, foi um ano do caralho, foi muito bom, mas foi a maior merda da minha vida também. Ano passado experimentei todos os níveis de felicidade e depressão que podem existir. Do céu ao inferno em um piscar de olhos.

Em suma,

Foi meu ano bipolar.

Sintam-se a vontade para acessar   I DON'T HAVE ANOREXIA   se quiserem continuar lendo o que tenho a escrever. Se não quiserem, não vão, fuck you all. _|_

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Alive in the hell ...


É meio doentio sentir falta do momento mais punk da nossa vida. É meio doentio sentir falta de passar mal. É meio, OK, MUITO doentio sentir falta de ser carregada às pressas pra emergência mais próxima. Tenho uma certa nostalgia até da (primeira) internação - SÓ da primeira. Seguidamente sonho com a ala psiquiátrica que fiquei internada, sonho que fui internada de novo (tenho medo constante graças a nutricionista que me mete um pavor), sonho que estou lá amarrada na cama, com uma sonda enfiada no nariz, forçando a barriga pra fazer abdominais. Sonho em ver todo mundo recebendo alta enquanto eu to naquela cama, com uma previsão de, no mínimo, 3 meses. Sonho que fico anos lá, de não me lembrar como é um pássaro, de não ouvir sequer o canto de um pássaro. Sonho em nunca mais poder sentir o perfume de uma flor. Sonho com aqueles remédios que não me deixam pensar. Sonho que privam meus pais de me ver. Sonho que meus pais esquecem de mim lá. Sonho então com um médico me dizendo que tenho poucas chances de ver o azul do céu ou sentir o cheiro da grama recém cortada de novo. Sonho em tentar chorar mas simplesmente não ter mais lágrimas. Então acordo. Toda suada, encharcada. Tenho que trocar de pijama quase todos os dias por causa disso. É um alívio acordar. Respiro fundo e me olho no espelho. Estou viva. Porém, ainda não estou feliz. Então o relógio começa a andar, o dia a passar, meu mundo vai voltando pro lugar. Aí começo a ter saudade, nostalgia, sentir falta disso. Parece que falta um pedaço de mim, aquele inferno que eu vivi, por mais morta que pudesse parecer, foi a época em que estive mais viva. Alice's Death. Eu vivo da minha morte.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Abstinence

Quanto tempo passou. Não sei ao certo porque vou postar aqui de novo, acho que é porque esse tempo todo que fiquei sem postar fiquei com um certo peso na consciência de ter abandonado o blog, apesar de saber que meu lado fake ficou vivo em mim durante essa quase eternidade. Engraçado chamar isso tudo de fake quando é, na verdade, o lado mais verdadeiro de mim. Acho graça da minha comemoração de 53,9kg no último post aqui. Eu tava muito gorda, muito mesmo quando saí do hospital. 54kg parecia um sonho, pra quem pulou dos 47 para os 60kg em poucos meses. Hoje tenho 50kg, quero ainda chegar aos 45kg. E quem sabe um dia aos 39, se me for permitido. Ouvi uma coisa curiosa esses tempos. Enquanto me trocava na frente de todos nos bastidores (fotógrafos, cabeleireiros, maquiadores, modelos) me disseram que eu era uma das modelos mais secas que eles conheciam. Que parecia que eu tinha 40kg. Essa sociedade tá ficando doente, depois dizem que sou eu. Puta distorção de imagem, tinha cada menina magra por lá! Fiquei chocada com isso, quando eu chegar aos 40kg vão dizer que eu pareço ter quanto?? Parece que todos se juntaram pra me chamar de louca. 

A última postagem aqui contava da minha esperança em voltar pra faculdade. Bom, no fim, peguei todas as cadeiras (ou matérias, aqui a gente chama de cadeiras) que eu queria. Fiz todas. Peguei duas recuperações, uma eu passei e me auto-declarei em FÉRIAS. A outra recuperação, a prova é amanhã, eu não vou, não tenho vontade, não me sinto nem um pouco mal por deixar de ir. Na verdade me sinto até bem. Vou mudar de curso. Cansei, farmácia é linda, química é linda, bioquímica é linda, medicamentos são lindos, substâncias que mexem no nosso organismo são lindas! Mas não é pra mim. Quer dizer, não quero trabalhar com isso. Amo isso, de coração, como hobby, não como trabalho. Gosto de design, penso em fazer design de produto. Enfim, o que importa é que vou largar o curso, de novo (mas dessa vez, aos poucos).

Parei de fumar. Parei de beber. Fluoxetina + Álcool na noite não dá certo. Sempre que eu saía eu me acordava no outro dia sem lembrar do q tinha acontecido na noite anterior, e inclusive sem me lembrar como tinha chegado em casa. Na primeira vez é engraçado, na segunda é um pouco ainda, mas quando acontece pela vigésima, trigésima vez, acreditem, perde a graça. Ainda mais quando você lembra de uns flashes do tipo voltando pra casa de salto, as 9h da manhã, 10km, a pé. E quando no outro dia é preciso tomar Rivotril porque tá com uma merda de uma taquicardia de tanto álcool. É isso, como tudo na vida - cocaína, dietas, exercícios, cigarro - eu fui perdendo o controle, achando que podia cada vez mais, e me meti em uma merda. As vezes me pergunto se virei meio alcoólatra ou se só perdi o controle sobre as minhas ações, essa é a terceira vez no ano que "parei" de beber. Espero seguir com isso, com essa decisão. Espero ter forças. Antes de acordar num motel sozinha, por causa de um Boa Noite, Cinderela.

Abstinência. 

De tudo que larguei nos últimos anos.

Efedrina.
Anfepramona. 
Suco gástrico. 
Metformina. 
Tabaco. 
Chá verde. 
Furosemida. 
Cocaína. 
Álcool. 
Dulcolax. 
Corrida.

Preciso emagrecer.
Não quero mais ajuda de ninguém, nunca pedi ajuda. Alguém entende isso? Nunca pedi ajuda!